-Revelação
Fecho os olhos mais uma vez e lembro que meu desejo de ser livre era sublime, porém era algo muito difícil de possuir.e recordo o todo tempo como eu procurava fugir de tudo que minha mãe fazia, todas as torturas, e até mesmo dos momentos que mandara homens até o porão para abusar de mim, e sim, me pegavam a força e me batiam quando eu gritava, todos delinquentes e frios, ainda riam de tudo.
Depois de tanto me maravilhar vendo asas em mim através do reflexo, aceito que isso não poderia está existindo de verdade, caminho por toda a sala espelhada que mais parecia um labirinto, até que vejo um buraco negro e cheio de espinhos em volta, me pergunto se era a única saída, então entrei com cuidado para não me machucar com os espinhos. Novamente vi aquele homem estranho com os olhos negros que encontrara na pista, já não estava mais assustada e sim curiosa, então ele me olha e faz sinal para eu segui-lo, fui andando devagar sem me aproximar dele, estava cheia de dúvidas, olhei para o relógio e ainda era 00:00 horas, o tempo tinha parado já a muito tempo, já não fazia ideia do que estava acontecendo, apenas queria que acabasse logo. Segui aquele homem, ele estava me ajudando, na verdade ele me olhava como meu pai.
Lembranças do passado vem mais uma vez na minha cabeça. Meu pai tinha viajado dias antes que aqueles homens começaram a frequentar minha casa, viajou a procura para a cura da AIDS que ele havia pego de uma prostituta de rua. Minha mãe já estava em total depressão, viciada em drogas, sempre descia para o porão para me falar que eu era igual ao meu pai, e dizia que me odiava ainda mais a cada dia, toda semana ela ia me cortar, me torturar e falava que era pra eu ser salva.
Estava muito atordoada com tudo que se passara, certo dia minha mãe ficou muito bêbada e caída no chão, era uma noite chuvosa, aproveitei a situação e procurei algo para arrombar a porta, para minha sorte o teto não estava tão bem estruturado, avistei uma pingueira caindo dentro de casa como se fosse um sinal, sorri com um certo alívio, meus cabelos castanhos despenteados, roupas rasgadas, enfim peguei a escada e subi até o teto, joguei as telhas para fora, saí e pulei, machuquei a perna, mas comparado a tudo que passei, aquilo não foi nada. Para minha surpresa meu pai chegou em seu carro e me ajudou, pedindo perdão por deixar tudo aquilo acontecer comigo, ele me ajudou a fugir, me deu uma chave e disse que não imaginava que as coisas poderiam chegar a esse ponto, ele me entregou um papel amassado e me mandou seguir em um caminho reto até me cansar, fui correndo o mais rápido possível, depois de um bom tempo achei um lago e me banhei, depois li a mensagem que estava no papel, dizia que meu caminho era à Luanda, de São Paulo à Luanda.
Voltando a noite atual, o estranho me direcionou até uma floresta e falou baixo:
-Esse é o caminho, não posso mais acompanha-la, me desculpe. -Logo após ele sumiu em um piscar de olhos.
Confiando nele entrei na floresta, logo após uma mulher encapuzada apareceu de repente, tinha um par de asas, olhos dourados florescentes, que dava-se para notar de longe, ela começou a falar comigo.
-Olá, filha. -Ela sorriu ironicamente.
Tentei correr, mas não consegui me mexer e nem falar nada.
-Meu amor, pra onde pretende ir? Senti tanta a sua falta.
-Mãe? Você não é minha mãe, ela está morta! -Eu disse furiosa!
-Eu? Imagina! Hahahaha Estou mais viva do que nunca. -Ela não parava de rir.
-Mas o papai...
-Aquele inútil, já o devorei, ele merecia pior, mas meu ódio era tanto e também estava com fome.
-Meu Deus, ele só queria me proteger. -Eu falei assustada com a situação.
-De mim? -Eu a perguntei.
-De você mesma. -Ela me responde rindo. - Eu sou uma descendente de Deuses gregos, e em todas minhas eras, você sempre estava presente, sim, é tudo real, tudo isso realmente existe, não é nenhum sonho, e você quer ser feliz? Terá que me matar hahahaha
-Mas como?
-Seu verdadeiro pai é satã, fiz esse acordo com ele em troca de poderes, e você também herdou de mim vários poderes, porém para conseguir poderes ilimitados tenho que conseguir lhe matar hahahahaha
-Este é meu último desafio então?
-Sim sim hahaha Mas vamos deixar isto mais divertido.
Vicente chega, o meu namorado.
-Amor? O que você faz aqui?
-Oooh, conta para ela, Vicente! Hahaha. -Minha mãe falava rindo a cada vez mais.
-Amor, minha missão era matar você, mas juro que quando te conheci comecei a te amar, eu não quero te machucar mais. -Vicente falou chorando.
-Como assim? Mas você.... -Minha mãe interrompeu nesse momento.
-Parem com essas frescuras, fiquem logo na ponta do ascendente e ativem seus poderes, e que vença o melhor!!
-E se eu vencer? - Eu a pergunto.
-Isto não ira acontecer. -Ela me responde toda ignorante.
-Então descobrirei sozinha. -Eu falo indo para a ponta do ascendente.
Soltei vários poderes abertamente, como se fosse normal para mim, como se eu não estivesse no meu eu. Os poderes de Vicente mal conseguiam me atingir, meus olhos mudaram de cor, consegui paralisar eles e juro que minha vontade era de mata-los e arrancar tudo que possuiam dentro de sí, foi uma sensação terrível.
Minha mãe sorria feito louca me mandando matar, logo conseguiu se soltar e jogou uma lança em mim, Vicente também soltou-se e enfiou uma flecha no peito de minha mãe, ela caiu no chão sangrando até morrer, adormeci e quando acordei estava em um hospital.
-Vicente? Amor, a quanto tempo estou aqui?
-Há 5 anos.
-Onde estou?.
-No hospital, perto da casa para doentes mentais.
-Doentes mentais? -Eu pergunto.
-Sim, eu a achei na estrada há 5 anos atrás, você estava fugindo de casa onde sua mãe lhe ajudava com seus problemas, logo após fugir você matou seu pai a facadas quando o viu com outra mulher e depois fugiu.
-O que? Mas como? Eu, você? Aaaaaaaaaaaaaah. -Eu gritei loucamente.
-Calma, calma, feche os olhos e tudo vai voltar ao que era antes. -Ele disse aplicando uma vacina em mim.
(Meu nome é Theffane, nasci do pecado, fui atormentada durante anos por uma mulher fútil da vida, tive um pai egoísta, matei os dois. Meu namorado era apenas alguém imaginário, estava mais louca do que nunca, estou perdida.)
Fim.
